NOTÍCIAS
Livro sobre o impacto das medidas protetivas ganha prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral
29 DE MARçO DE 2022
A voz das mulheres protegidas pelas medidas protetivas oferecidas pela Justiça ganhou mais força com a premiação do livro “Rupturas e Recomeços – Percepções de Mulheres sobre medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha na cidade de São Gabriel – Bahia”, escrito pela advogada Leonellea Pereira. A publicação foi a vencedora da categoria “Produção Acadêmica” do Prêmio CNJ Juíza Viviane Vieira do Amaral, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Lançada em 2021, a premiação tem como como objetivo dar visibilidade a ações de prevenção e enfrentamento ao fenômeno da violência doméstica e familiar contra mulheres e meninas.
A obra é resultado de pesquisa acadêmica da advogada sobre processos que envolvem situações de violência doméstica e familiar, especialmente no que diz respeito à concessão das medidas protetivas de urgência previstas na Lei n. 11.340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha. O livro fala sobre os efeitos práticos das medidas e busca entender as dinâmicas em torno desta decisão judicial. A análise foi possível graças a realização de entrevistas semiestruturadas aliado a um breve exercício cartográfico na pesquisa de campo. Além disso, de acordo com a autora, foi realizada uma coleta de informações dos registros dos processos e inquéritos policiais iniciados entre 2006 e 2016, que foram cruzados com os dados da pesquisa do CNJ sobre a aplicação da Lei Maria da Penha.
“O que me chamou atenção na coleta de dados é que nos casos menos graves, a medida protetiva tem um poder mais forte de conseguir romper com o ciclo de violência”, afirmou a especialista, ressaltando, com isso, a importância de se procurar ajuda logo nos primeiros sinais. “Há uma dificuldade de enxergar a pessoa que pratica o ato de violência doméstica como um criminoso. Isso porque são pessoas que, na maioria das vezes, trabalham, têm sua família, uma boa relação com a comunidade. Então as pessoas não enxergam como um criminoso. Elas vêm uma pessoa grosseira, ríspida, mas não criminoso. Isso até mesmo a mulher que passa pela violência. Por isso é importante estar atenta.”
Pandemia
No ano de 2020, a cada cinco minutos foi feita uma denúncia de violência contra a mulher no Brasil. A informação é do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que compila os dados dos canais Disque 100 e Ligue 180, totalizando 105.671 denúncias de violência contra a mulher no ano passado, das quais 72% delas foram de violência doméstica e familiar. “Temos a impressão de que os números aumentaram com a pandemia, mas na verdade ela descortinou uma situação que já existia por que as pessoas que sofriam alguma violência no ambiente doméstico passaram a não ter mais acesso a ambientes externos, como trabalho e roda de amigos, ficando mais expostas a situação de risco”, comentou Leonellea.
Apesar da aridez das entrevistas e do assunto, a advogada se diz esperançosa. “As entrevistas me emocionaram pois me trouxeram esperança. É possível sim recomeçar a vida, ter um novo recomeço, apesar de tantas dificuldades, apesar da estrutura do Estado não ser adequada. É possível acreditar numa vida sem violência lá na frente. Lembrando que a rede de apoio da família faz muita diferença”, disse. Para ela, a grande mudança passa pela educação da sociedade. “Tudo passa pela educação. A solução passa pela educação. Eu acredito que esse olhar para o respeito ás diferenças e à diversidade, e quebrando os estereótipos da nossa sociedade podem contribuir para reduzir esse número de casos tão grandes que temos no Brasil”, explicou. Ela também ressaltou o impacto positivo das medidas educativas do agressor. “Muitos deles precisam de terapia pois essa forma de se portar, com violência, foi a única forma que ele aprendeu.”
Para as vítimas, a especialista deixa um conselho. “O conselho que dou para todas as mulheres é ficar atenta e sempre procurar ajuda. Ter alguém de sua confiança. Se achar que está em situação de risco, deixa uma pessoa próxima avisada. Esse é o papel e a importância da rede de apoio. Ela faz muita diferença. Uma pessoa sozinha está muito mais vulnerável.”
Paula Andrade
Agência CNJ de Notícias
The post Livro sobre o impacto das medidas protetivas ganha prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
Central RTDPJBrasil implanta novas facilidades para os clientes
04 de fevereiro de 2022
Os 142.464 mil clientes que utilizam os serviços eletrônicos dos 2.789 cartórios integrados à Central...
Anoreg RS
Locatário do imóvel não responde por taxa de ocupação após a consolidação da propriedade fiduciária
04 de fevereiro de 2022
A tese foi fixada pela Quarta Turma do STJ ao confirmar acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP)...
Anoreg RS
Quarta Turma do STJ nega pedido de remoção de agnome do pai sob a justificativa de aproximar a criança da família materna
04 de fevereiro de 2022
Agnome é um elemento do nome que serve para distinguir indivíduos dentro de uma mesma família, de forma a...
Anoreg RS
Até vacinação passa a valer agora como prova de vida para o INSS
04 de fevereiro de 2022
Presença do benefiário só será solicitada caso não haja comprovação por 10 meses após seu aniversário.
Anoreg RS
Anoreg/RS celebra 25 anos de atuação em live comemorativa
03 de fevereiro de 2022
Encontro online contou com a participação dos ex-presidentes da entidade e dos presidentes das entidades que...